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A vida financeira de um expatriado bitcoiner: o que ninguém te conta sobre sacar cripto no exterior

  • Foto do escritor: Ana Paula Rabello
    Ana Paula Rabello
  • há 5 dias
  • 4 min de leitura
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Nos últimos anos, muitos investidores brasileiros decidiram deixar o país e levar consigo não apenas seus sonhos, mas também seus satoshis. A ideia de viver de cripto no exterior parece simples, até o primeiro saque.

 

Um dos meus clientes, bitcoiner de longa data, partiu do Brasil há dois anos com tudo regularizado e decidiu compartilhar comigo o que aprendeu na prática sobre a vida financeira fora do país. O relato dele expõe as barreiras que poucos imaginam: da resistência dos bancos ao recebimento de recursos cripto até o alto custo de compliance nas operações de off-ramp.

 

A seguir, trago o texto que ele me enviou, com a experiência real de um expatriado bitcoiner que vem testando, na prática, o que funciona e o que não funciona quando o assunto é transformar cripto em fiat lá fora.

 

Os desafios do off-ramp no exterior

 

Um dos maiores desafios dos investidores cripto expatriados é o saque dos recursos para bancos tradicionais (off-ramp). O grau de facilidade depende do país e vem diminuindo com o tempo e o aumento das regulações.

 

Na maioria dos países, esse processo é mais difícil do que no Brasil. Bancos em muitas jurisdições com baixa tributação ainda têm resistências significativas a receber recursos de exchanges cripto e impõem um processo de verificação da origem dos fundos extremamente demorado e minucioso, o que nem sempre garante o sucesso da operação, mesmo com provas de origem lícita.

 

Sempre existe o risco de as contas serem congeladas para longas análises.

 

Por que isso acontece

 

Essa resistência se deve à falta de histórico do próprio cliente expatriado em outro país e também ao preconceito ainda existente em relação a fundos de origem cripto.


O custo de compliance, due diligence e análise de documentos (e, em muitos casos, das próprias carteiras) é alto. Por isso, muitos bancos tradicionais preferem simplesmente não se envolver com o tema.

 

Na prática, eles não possuem equipes treinadas nem interesse comercial para lidar com clientes que transacionam com ativos digitais.

 

Onde os grandes conseguem sacar

 

Grandes investidores costumam ter mais opções, mas ainda assim com restrições.


Hoje, os poucos locais onde é possível realizar saques expressivos em moeda fiduciária são Suíça, Liechtenstein e Panamá, sendo que os dois primeiros exigem cerca de US$ 1 milhão de saldo mínimo para manutenção da conta.

 

Em resumo: operar e realizar lucros em fiat no exterior não é tão simples como parece. E, infelizmente, essas informações só aparecem na prática, quando o investidor já está lá fora e precisa do dinheiro.

 

Mesas OTC e alternativas de liquidez

 

Em alguns casos, utilizar mesas OTC (Over The Counter) é mais viável. Muitas delas ajudam na organização dos documentos para facilitar o compliance junto aos bancos.

 

Outra alternativa é a compra de imóveis em países que aceitam pagamento direto em cripto, ou por meio da intermediação de mesas OTC.


Depois, com a revenda em fiat, a operação passa a ter documentação imobiliária tradicional, o que evita o escrutínio direto dos bancos sobre o histórico cripto.

 

A importância do histórico limpo

 

Manter o controle de estoque e a origem dos fundos é fundamental, mesmo que o expatriado viva em países que não exijam declarações de imposto de renda sobre criptoativos.


Sair do Brasil com tudo regularizado ajuda muito e, honestamente, é quase obrigatório.

 

Além disso, é essencial nunca interagir com carteiras ou endereços duvidosos, pois qualquer transação com origem contaminada pode manchar o histórico das criptos e comprometer o compliance.


Em blockchain, tudo é rastreável.

 

Viver com cripto é fácil. Operar com bancos, nem tanto.

 

A boa notícia é que, para muitos, isso não chega a ser um problema.


O uso de stablecoins no dia a dia tem se tornado cada vez mais fácil e comum, seja por meio de cartões de débito carregados com cripto, mesas OTC que convertem USDT em dinheiro físico ou pagamentos diretos em USDT por bens e serviços.

 

O único ponto sensível ainda é o pagamento de despesas fixas, como aluguéis, em que o proprietário do imóvel exige transferência bancária tradicional.

 

Já a utilização de exchanges estrangeiras segue tranquila na maioria dos países, o que permite movimentar, trocar e armazenar ativos sem grandes restrições.

 

Com o avanço das stablecoins, viver com cripto tornou-se simples.


Mas operar com bancos tradicionais continua sendo um desafio, e talvez o último elo que ainda resista à descentralização.

 

Conclusão

 

O relato do expatriado reforça o que eu sempre repito: sair do Brasil é fácil, sair certo é outra história.

 

Regularizar antes de ir, manter o histórico limpo de transações e planejar cada passo da vida financeira fora do país faz toda a diferença.


O mundo está se adaptando às criptomoedas, mas os bancos ainda não. E é nesse intervalo entre o sistema tradicional e o novo dinheiro que muitos expatriados tropeçam.

 

Se tu estás pensando em viver fora com tuas criptos, vale aprender com quem já foi e planejar com quem entende do assunto.

 

Por Ana Paula Rabello

Primeira contadora de criptomoedas do Brasil

@declarandobitcoin


A reprodução deste artigo é permitida mediante a citação do Declarando Bitcoin e a inclusão do link direto para o texto original.


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